É hora de enfrentar o legado catastrófico do lockdown

Durante a pandemia de coronavírus, os críticos do lockdown foram chamados de egoístas, estúpidos e indiferentes. Seus motivos foram contestados. Seus argumentos foram deturpados. Quem ousou perguntar se era adequado fechar um país inteiro para controlar um vírus que ameaçava apenas os muito idosos e os muito vulneráveis foi tachado de “negacionista”. É o que diz um artigo publicado na quinta-feira 25 pelo The Telegraph.
A entrevista do ex-ministro britânico Rishi Sunak com o jornalista Fraser Nelson revela a forma como as decisões foram tomadas durante a crise sanitária. Na conversa, o político argumenta que os custos do lockdown não foram reconhecidos por aqueles que impuseram as medidas restritivas. “Você tem de reconhecer as contrapartidas desde o início”, afirma Sunak. “Se tivéssemos feito tudo isso, poderíamos estar em um lugar muito diferente.”
A ideia de Sunak é a mesma que a de milhares de opositores do lockdown. A diferença é que, agora, os custos dessa política não podem mais ser ignorados. O sistema público de saúde britânico (NHS) está à beira do colapso, mas, desta vez, em razão de um tsunami de pacientes acometidos por outras enfermidades, aos quais foi negado tratamento durante a pandemia.
“Você não pode simplesmente desligar e ligar uma economia sem grandes danos colaterais”, diz o texto. “Auxílios sociais e o home office alimentaram uma cultura de indolência entre grupos até então autossuficientes.”
Nessa contexto, é provável que outros ex-ministros britânicos decidam ir a público para dizer o que pensam. Sunak era responsável pela maioria das políticas pandêmicas, assim como o ministro Boris Johnson e os ex-secretários Matt Hancock e Michael Gove. “Acredita-se que nenhum deles tenha muito futuro na política, e, portanto, seus ex-colegas terão menos motivos para ficar calados sobre os processos falhos e a covardia política que levaram o Reino Unido a entrar em confinamento”, observa o The Telegraph.
Os “especialistas” de esquerda podem indagar se o governo não conseguiu fechar o país cedo o suficiente, mas a pergunta a ser respondida é se deveríamos ter sido trancados. À medida que os custos aumentam, mais pessoas podem compreender que tudo foi um erro calamitoso.